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Constante de Planck
Quilograma padrão vai passar a ser definido com física quântica
Os padrões internacionais que definem o quilograma e outras grandezas vão mudar na próxima semana, quando a entidade internacional de metrologia votar a adoção de fórmulas da física quântica para determinar quanto valem.
O Comité Internacional de Pesos e Medidas (CIPM), numa decisão que será votada por representantes de 60 países reunidos a partir de terça-feira no Palácio de Congressos de Versailles, passará a usar uma fórmula conhecida como Constante de Planck, avançada em 1900 pelo físico teórico alemão Max Planck, prémio Nobel da Física em 1918.
Usando essa fórmula será universalmente possível determinar quanto deve pesar um quilograma, usando por exemplo uma balança de Kibble, um instrumento de alta precisão que usa corrente e tensão elétrica.
Numa resolução do CIPM que será votada na sexta-feira afirma-se a "necessidade essencial de um Sistema Internacional de Medidas uniformizado e acessível a todo o mundo para o comércio internacional, alta tecnologia, saúde e segurança humanas, proteção do ambiente, estudos sobre o clima global e a ciência fundamental que está na base de tudo".
Com a aprovação das mudanças, a entrada em vigor do novo sistema está prevista para 20 de maio de 2019.
O padrão ainda em vigor para o familiar quilo é o Protótipo Internacional do Quilograma, um cilindro feito de uma liga metálica de platina e irídio que é guardado na cave da sede do Comité Internacional de Pesos e Medidas, em Saint-Cloud, perto de Paris, e foi adotado em 1889 como o padrão pelo qual se medem todos os quilos.
No entanto, ao longo dos anos, e apesar de estar guardado num cofre especial para o qual são precisas três chaves, o cilindro, que tem apenas 39 milímetros de altura e diâmetro, "engordou" a sua massa em alguns microgramas devido a partículas que absorveu da atmosfera.
Por isso, as cerca de 40 réplicas espalhadas pelo mundo para calibrar quanto pesa um quilo são na verdade todas mais leves que o quilograma original, incluindo a que existe em Portugal, no Instituto Português da Qualidade.
Isso pode implicar erros em experiências científicas que precisam de medidas exatas de materiais altamente controlados, como substâncias radioativas.
É por isso que serão também adotadas novas fórmulas para calcular unidades fundamentais de medidas como o ampere, que mede a corrente elétrica, o kelvin, uma medida científica de temperatura, e o mole, uma medida de substância.
Na redefinição dos padrões serão também abrangidas medidas que derivam da fundamentais, como o volt, ohm e o joule.
Todas passarão a ser definidas a partir de constantes físicas que se verificam na natureza.
A solução encontrada tornará obsoletos os protótipos físicos, que deixarão de ser o padrão para calibrar medidas, mas o valor do quilo não será alterado.
Desde 2011 que o Comité Internacional de Pesos e Medidas decidiu rever o Sistema Internacional de Unidades, baseando-o em constantes retiradas da física.
Estas mudanças não abrangem as três outras medidas fundamentais: o segundo, o metro e a candela, que mede a intensidade da luz e o Comité afirma que poucas pessoas além dos profissionais dos laboratórios nacionais de metrologia sentirão a mudança.